[Textos] A tecnologia como fonte de adoecimento psíquico
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[Textos] A tecnologia como fonte de adoecimento psíquico

Quem me acompanha nos espaços de transmissão sabe que a tecnologia, internet e redes sociais fazem parte da minha dinâmica acerca do sofrimento psíquico. Tenho interesse genuíno nas construções pela busca do desejo nas figuras de atenção, microimpulsos, amplitudes narcísicas, controle midiático, exposição de telas e organizações de consumo. A hiperconectividade vai muito além do que se percebe em consciência.

A tecnologia dita nossas regras com um verniz de liberdade. Parece que escolhemos o que postamos, mas a rede está tão insidiosamente nos dizendo o que sem que percebamos. Este mesmo texto está passando por uma 3ª.revisão porque sei que se utilizar alguns termos ele não vai ser entregue para um mínimo de pessoas, além de que o não uso de imagens que se utilizem de peles ou de estimulantes visuais já comprometem o que se chama de engajamento na perspectiva da ferramenta.

Indo além do pedagógico, isto tudo é percebido no setting analítico a partir do discurso do analisante com suas relações de desejo, frustrações e faltas. Elementos comparativos, visões distorcidas sobre felicidades, exclusão de relações com os erros, hiperexposição de corpos infantilizados que estão atrás de dinheiro fácil em uma manutenção constante de organizações psíquicas arcaicas. Perversões revistas e diversas em tantos níveis que fica até difícil descrever.

A tecnologia que tanto poderia nos auxiliar é também uma fonte de estresse negativo constante. E, a cada vez mais, nosso psiquismo parece ceder ao poder exercido de sugestionamento e nas repetições no coletivo, deixando de lado nossa singularidade. E isso, por si só, já deve ser visto como adoecimento.

“Sem dúvida existe em nós a tendência de incorrer no mesmo afeto, ao perceber sinasi de um estado afetivo em outra pessoa, mas não acontece de resistirmos a ela com êxito, rechaçando o afeto e reagindo de maneira totalmente contrária? Por que então cedemos normalmente a esse contágio, estando na massa? De novo, será preciso dizer que é a influência sugestiva da massa que nos leva a obeder a esta tendência à imitação, que induz em nós o afeto.”
(“Psicologia das Massas e Análise do Eu – Sugestão e Libido” – Sigmund Freud