sim, homem. Você pode (e deve) chorar. - Psicanalista Sandro Cavallote
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sim, homem. Você pode (e deve) chorar.

A sociedade na qual estamos inseridos normatiza alguns comportamentos como padrão. Um deles é de que o homem é um ser que controla seus sentimentos. Não vamos entrar no contexto histórico (há extensa literatura sobre o assunto), mas sim abordar um ponto muito específico: Por que o homem não chora?

Dentro do conceito de humanidade moderna, a violência contra a mulher nunca esteve tão alta. Assim como os suicídios masculinos. Essa dicotomia está presente em pesquisas muito bem desenvolvidas e que mostram o quanto o “não chorar masculino” (dentro de uma simbologia e, parcialmente, representada fisicamente) é parte de uma construção em que o homem, ao demonstrar ter sentimentos, demonstra sinais de fraqueza. Significar emoções é um quase um tabu, o que diria falarmos de ressignificação neste conceito. O homem aprendeu e perpetua que é um ser infalível, que suas devem ser respeitadas, que o sentir é uma falha e deve ser corrigida.

Estes são apenas alguns elementos dentro de um conceito muito mais amplo, mas que reduz o homem a um ser que não canaliza nada do que sente, internaliza, tenta reprimir, finge que não existe. Mas o inconsciente não trabalha desta forma, portanto o dar-se a oportunidade de vivenciar o que se sente também é mecanismo que auxilia na manutenção dos afetos. Não dá para se livrar de um sentimento sem vivenciá-lo. Qualquer tentativa neste sentido falhará e gerará desequilíbrio emocional e mental.

Desenvolve-se assim uma cultura de elementos desequilibrados, que ouvem desde criança para “engolir seu choro” ou “isso é coisa de menininha”. Sem o acompanhamento emocional, fatalmente esses afetos acabarão em tristeza, depressão e, o mais latente na atualidade (muito em função da normalização da violência em nossa sociedade pelo discurso político), a violência (física / emocional / psicológica).

Experienciar sentimentos abre novos horizontes e um novo posicionamento de seu eu individual e em comunidade.

E você, homem? Tem coragem de permitir-se sentir?



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