
Série – “The Handmaid´s Tale – o conto da aia”
Existe um “quê” de ficção em The Handmaid´s Tale mas, de 2018 para cá, muito próxima da realidade, o que nos acende um sinal de alerta e um grande incômodo. Aliás, foi com esse intuito que a autora, Margareth Atwood, escreveu o livro, O Conto da Aia, lá na década de 80.
Imagine: uma sociedade desenvolvida com líderes sedentos pelo poder em um novo regime, militarizado, hierárquico e fanático, com novas castas sociais, nas quais mulheres são subjugadas e, por lei, não têm permissão de trabalhar, possuir propriedades, controlar dinheiro ou até mesmo ler. Elas não têm o direito nem ao menos de falar livremente, são meros objetos funcionais de força de trabalho e procriação, utilizadas em cultos que extrapolam largamente qualquer tipo de interpretação religiosa, incluindo estupros ritualizados com seus “mestres” masculinos, apoiados por suas esposas. Em nome da religião ou, pelo menos, com esta bela desculpa.
Falar sobre limites é o mínimo que podemos extrair, mesmo que seja uma ficção. Os dilemas importantíssimos, o sofrer, o lugar de fala, o uso da religião como estrutura de poder. Doi em muito momentos, mas algumas visões de futuro precisam ser desenvolvidas exatamente para que tenhamos pontos de reflexão. A ficção tem esse poder, o de nos alertar sobre algumas tomadas de decisão.
A série não é fácil. É brutal em sua extensão. Mas é tão importante para nosso momento atual que todo sofrimento ao assistir deve ser enfrentado.
Está em sua quarta temporada. A quinta chega ainda neste ano.