[Série] “Entre estranhos” (the Crowded Room)
A psicanálise não diagnostica. Essa é uma das premissas fundamentais para o acompanhamento e permeia toda a consistência ética dos conceitos desenvolvidos por Freud. Mas uma das mensagens que Freud também nos traz, principalmente no início da 2ª. Guerra Mundial, são as dinâmicas relacionadas ao sofrimento compartilhado, o comportamento de grupos, os fenômenos sociais aos quais somos submetidos desde a infância. Somos seres individuais em nosso desejo, para necessitamos do contexto coletivo para trocas e construção de nossa psique.
Portanto a dimensão do sofrer do analisante é singular, mas devido à sua presença no coletivo, temos que conhecer também o que o cerca. E um dos saberes aos quais devemos nos dedicar na jornada é o das psicopatologias, muitas vezes na figura de construção de transtornos, desordens, distúrbios ordenados pelo DSM (a sigla em inglês para Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). O conhecimento se dá muito mais pela via da linguagem para que as trocas com outros profissionais psis possam ser mais elaboradas e consistentes, pois o acompanhamento multidisciplinar é uma constante. Para a psicanálise, não há um manual para a angústia. É um trabalho único, de sessão em sessão, de discurso por discurso. Mas a investigação muitas vezes passará por outros idiomas, e devemos estar abertos para um melhor acolhimento.
“Entre Estranhos” é uma série sobre nossas defesas mentais perante um sofrimento avassalador que se repete em nossa infância. Independente da linha que estejamos no atendimento psi, nossa psique vai construir limites para o enfrentamento. Tais limites se darão pelo nosso ferramental naquela época da incidência das angústias, e quando elas se apresentam por aqueles que mais amamos e trocamos no cotidiano, fica fácil confundir os afetos. E isso pode causar uma ruptura significante em nossa mente. E, aí, vamos buscar a ajuda que pudermos, da forma que conseguirmos, sejam elas aceitas ou não. Inclusive, de “estranhos”.
Independente de diagnósticos, acolhimento é fundamental. E conhecimento é parte fundamental da jornada psicanalítica.
(Obrigado demais aos amigos Gustavo e Gabi que me indicaram a excelente série)