Ser incrível
Ao nos deparar com relatos sobre relações em construção, ouvimos muito sobre as decepções e frustrações sobre o “ser incrível”.
– “Eu estava sendo incrível e não deu certo.”
– “Fiz tudo o que el@ quis e, mesmo assim, acabou.”
– “De que adianta fazer tudo pela família e acabar desse jeito?”
– “Fiz tudo o de melhor no trabalho, fui incrível, e a promoção foi para outra pessoa.”
Mas será que você estava realmente sendo incrível? O que seria “ser incrível”? Na definição da palavra: “que ou o que não é crível, que não se pode acreditar”. Numa interpretação mais ampla: que é fantástico.
Entretanto, em ambas estruturas, há a admissão de que se é algo difícil de se crer, de ser real.
Quando queremos agradar, imaginamos que conhecemos o desejo do outro. Fazemos de tudo para a realização, para o preenchimento, para que sejamos provedores de algo incrível. Em esferas mais narcísicas, até inesgotáveis.
Portanto apostamos em premissas de comprometimento, de conexões, de trocas. Criamos expectativas de algo que nem sabemos o que é, responsabilizando o outro, seja sujeito, seja objeto. Mas durante este processo, esquecemos do incrível para nós mesmos, de sermos incríveis para nós mesmos. Fundamental dentro da estruturação da relação.
Há ainda a espera de retribuição esperada: se sou incrível, por que o outro não o é para mim? Há os que desejam os incríveis, mas estes mesmos estão o sendo? O desejo de ser no gozo pelo outro?
Sejamos incríveis. Primeiro para nós mesmos, para que possamos transbordar esse fantasia e, a partir daí, oferecer o convite ao Outro.