Respeitar o tempo de cada um
Em nosso mundo hiperconectado, o tempo parece ter se tornado um inimigo. Desde nossas ponderações iniciais na infância, passando pela pressão adolescente e da busca incessante de um sucesso que nunca saciará, até a idade adulta onde o tempo é escasso para a vida em detrimento da necessidade de consumo.
Afinal, nossa relação com o tempo pode ser revisitada?
O isolamento nos mostrou uma série de coisas que desconhecíamos, entre elas que estamos errados sobre o tempo. Ele pode ser muito mais aliado do que inimigo. Nem tudo deve ser pressão, nem tudo deve ser para ontem, simplesmente porque esse é um conceito que não existe. O presente existe, o passado e o futuro, não. Você vai me dizer que suas decisões atuais vão impactar o futuro, então precisa se preocupar. E eu te respondo: “por que então não respirar e tomar melhores decisões no presente? Por que não se dar mais tempo agora simplesmente por uma questão de qualidade futura?”
O que vemos em clínica é uma corrida de ratos que não termina. Crianças que precisam atender as expectativas das decepções pessoais dos pais, adolescentes que estão tentando encontrar o seu eu em um turbilhão de sentimentos que parece sem fim, mas só precisam de direcionamento, afeto e paciência. Além disso, os adultos, que já não têm mais relação com o tempo, só com o tal “resultado”. Até a busca de suporte terapêutico tem seu tempo. As pessoas têm tempos diferentes. Tudo tem seu próprio tempo.
Quantas vezes no dia você para e, simplesmente, fecha os olhos e respira fundo? Esse momento é a essência do tempo, porque esta é a essência do tempo: se permitir, nem que seja por alguns segundos, que você exista em toda sua singularidade.
Tempo é existência. Você anda aproveitando bem seu tempo?
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