Quanto mais você é, menos precisa dizer que é
O culto da personalidade que observamos nas redes sociais propaga a ideia de que devemos falar sobre nós mesmos o tempo todo para que, talvez, um outro possa nos observar do jeito que nos observamos. Nos afasta do que é mais importante: nós mesmos. Seria como se Narciso olhasse para o lago, que olha para Narciso, que olha para o lago, que olha para Narciso… (ad infinitum).
Essa busca incessante por (auto) aceitação/afirmação de um ideal nos afasta consideravelmente de nossa vivência única, de experiências individuais que trazem um senso de realização, de continuidade e, por que não, de viver.
Quanto mais ficamos repetindo o que somos (ou o que idealizamos ser) mais nos afastamos dos momentos que nos fazem olhar para si, para o positivo e para o negativo, para as coisas que nos compõem em essência, desejos que temos e, muitas vezes, não temos coragem de olhar frente a frente para eles. Construímos máscaras vazias, buscando aceitação, permissões e satisfações efêmeras.
O ato de ser permite que você sobreponha essa estrutura imposta por outros dentro de sua jornada individual, visando uma melhoria das relações dentro do coletivo. Pense bem: o quanto você está aguentando que não condiz com suas reais perspectivas só para agradar o outro? Até quando você vai deixar de ser para ser o que o outro espera de você?
Olhar para o espelho vai muito além de enxergar o óbvio. Olhar para o espelho, caso tenha coragem, é observar suas nuances mais subjetivas, mais densas e mais recônditas. Ali, sim, está o verdadeiro ser.
Dá para ser mais de você mesmo?