"OVELHA NEGRA" - Psicanalista Sandro Cavallote
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“OVELHA NEGRA”

Contestar.
Enfrentar.
Ousar.
 
Ou uma simples sequência de “Por quês?” durante a infância.
 
A busca na considerada “normalidade” familiar passa por várias estruturas de constituição dos pais: como aprenderam, como entender o certo/errado, religião, como eles colocam as expectativas pessoais no desenvolvimento dos filhos. E, na maioria dos casos, há um significante em comum durante esta travessia: a obediência.
 
Essa padronização social não só é danosa para a evolução pessoal como também contribui para o desenvolvimento de estereótipos e preconceitos dos mais diferentes níveis. Essa imagem pré-concebida diz muito mais sobre quem observa do que quem é observado.
 
Inicialmente tais expectativas visam um medo de não-socialização e de repulsa pelo diferente. Tendemos levar nosso olhar para os filhos como uma continuidade ou extensão de nós mesmos, sendo que a singularidade é elemento básico na constituição de cada um.
 
“Ovelha negra” é a expressão simbólica de tal singularidade e, na maioria dos casos, podemos dizer que são os elementos mais “normais” da família, exatamente porque estão lutando para ser o que são, não o que lhes é imposto e tido como aceitável.
 
Além de tudo isso, a expressão é racista porque emprega o termo “negro”, mais uma vez, de forma pejorativa. É um dos termos que precisam ser extintos de nosso cotidiano e coletivo, usada aqui exatamente para auxiliar na conscientização do uso negativo.
 
Elaborar e compreender esta singularidade é fator preponderante para que possamos crescer e evoluir como seres que testas, experimentam, que fazem julgamentos baseados em fatos dentro de uma linha de aprendizado, e não porque dizem que “é isso e pronto”.
 
Permitir-se ser é parte fundamental do processo de autoconhecimento. E todos nós, em algum ponto de nossas vidas, teremos a percepção de que algo foi tirado de nós caso isso não seja compreendido. Por que o diferente nos assusta tanto?
 
Portanto, mais do que definir o futuro, dê asas a ele. Acompanhe, incentive, participe. É muito mais criativo, divertido e, certamente, mais saudável.



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