
O ser imperfeito
Perfeição é mais uma palavra sendo utilizada nas redes sociais que torna-se pouco representativa pela sua aplicação a esmo, sem o devido valor ao seu significado e completude.
Na verdade, seu uso principalmente nas redes sociais acaba sendo bem sintomático devido à necessidade do veículo se sustentar pela superficialidade, vaidade, pele e urgência. O “perfeito!” comentado em um texto demonstra nossa falta de contextualização, de crítica, de vocabulário. Não porque não temos capacidade de sermos mais, mas sim porque a rede nos suprime nos caracteres, na mentalização e no raciocínio. (Demanda própria de auto-sustentação, infelizmente).
Na etimologia, o substantivo perfeição seria “O mais alto grau numa escala de valores. Excelência no mais algo grau”. O adjetivo, perfeito: “em que não há defeito. Total”.
Mas como definir se algo é ou não total? Se ele atinge seu patamar de impecabilidade, deixa de o ser? Atinge-se, então, a plenitude? Existe desejo depois de tornar-se algo sem falhas, sem imperfeições, sem… humanidade?
Alguns direção que a busca da perfeição pode nos mover. Pode nos trazer um senso de direção e motivação. Mas será essa busca fundamental? E o não-encontro com ela? Será que este desencontro constante com algo inatingível não é mais prejudicial do que auxiliar?
Pense em seu trabalho, em seu dia a dia, em sua família, em suas responsabilidades. Será que buscar a tal perfeição não é um ato desesperado de alguém que poderia simplesmente conviver melhor com suas imperfeições?
A busca da perfeição trava, pois é rarefeita. A imperfeição ensina, edifica. É até divertida quando se aprende a rir de seus próprios erros. Ser imperfeito é aceitar que nosso cotidiano é limitado, que somos seres que estão constantemente buscando contornar nossa constante insatisfação. Seja ela física, emocional ou psicológica. E entender isso pode ser um primeiro passo para não se cobrar tanto, não exceder nas expectativas e conviver melhor em grupo.
Na essência, ser o que se é. Curtir a jornada. Afinal, tornar-se perfeito e satisfeito pode ser um limitador.
Quanto podemos crescer com nossas imperfeições?