
O quanto você tem fugido de ser livre?
Ontem comemoramos o aniversário do criador da psicanálise, Sigmund Freud, um homem incomodado com a forma que a saúde mental era observada em sua época. O impacto trazido por suas descobertas é tanto que um dos conceitos muito discutidos vai muito além das teorias / práticas / ferramentas. Ele alcança a dimensão de como nos relacionamos conosco (em nossa singularidade) e como isso reverbera em nosso ambiente (nossas relações plurais), trazendo transformações necessárias para o processo evolutivo.
Dentro de todo esse amplo conceito há uma dor proeminente relacionada ao “sentir-se livre”, hoje muito utilizada em narrativas partidárias que só confundem aos mais incautos. Aqui podemos construir uma relação com uma liberdade psíquica. Mais do que expressões, mitos, metáforas sociológicas ou existenciais, muitas vezes nos dizemos livres, entretanto só estamos num processo de fuga, de não conciliação com o que poderia, realmente, nos fazer “livres”. Relaciona-se liberdade com espaços abertos, amplitude, vento no rosto, oportunidade de “ir para qualquer lugar”, mas talvez estes sejam apenas locais de evasão de si, quase com uma fuga da responsabilização, do enfrentamento do que se realmente deseja.
Pensamos na amplitude quando, na verdade, talvez tenhamos que reorganizar nosso conceito de liberdade interna antes de “sair correndo pelos campos de trigo”. Sentir-se livre consigo em relação às escolhas, já que toda escolha também é uma renúncia. E entender este conceito inicialmente tão simples pode ser um verdadeiro caminho para a liberdade.
Com acolhimento, respeito e sem julgamentos, encarar a responsabilidade das escolhas pode ser possível. Já pensou que, talvez, as coisas que você mais esteja fugindo sejam as coisas que você mais deveria estar enfrentando?