[Minissérie] "Objetos cortantes" - Psicanalista Sandro Cavallote
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[Minissérie] “Objetos cortantes”

“Objetos Cortantes” não é fácil ou simples. Ela começa lenta, até arrastada, com uma edição que remete a uma linha da nossa organização de pensamentos e sonhos a partir das vivências e experiências únicas e singulares. São takes desenvolvidos para nos colocar diretamente na perspectiva da protagonista, uma jornalista que precisa voltar à sua terra para uma investigação e lá se depara com aquilo que vem evitando há décadas: o reencontro familiar e os fantasmas do passado.

Parece meio clichê, mas muita coisa em nossa vida é clichê. A neutralidade é algo muito mais inerente que os tais momentos de felicidade ou de realizações (efêmeros), assim como as tristezas extremas (que são mais marcantes e duradouras, cicatrizes reais). A tal busca por uma vida recheada de aventuras e cheia de propósitos é parte de uma construção cultural que traz muito mais sofrer do que acalanto. A maior parte da nossa vida é bem entediante, e tudo bem com isso. A indústria cultural oferece pequenos momentos e picos de sensações e sentimentos, mas não são realmente afetos. Eles servem para nos colocar movimento em nosso tédio. Enfim: quando mais compreendemos as nuances da vida e como ela é, muitas vezes, repetitiva e linear, mais conseguimos lidar melhor com os tais “pequenos gozos”.

E a minissérie coloca isso de várias formas: nas relações humanas, nos espaços vazios, nas estruturas físicas, no olhar dos transeuntes que, mesmo desconhecidos, nos fazem relembrar de algo. Reminiscências de “outra vida”. Mas, conforme as motivações vão sendo desenvolvidas, vai se apresentando a estrutura de dor, sofrimento e falta de acolhimento aos quais somos acometidos, inclusive, por aqueles que amamos.

Por mais que nossas marcas indeléveis sejam expressas a partir de nossas experiências, textos, músicas, culturas em geral, há ainda os que precisem utilizar na fuga do sentimento uma expressão no corpo, na pele, na elaboração do sofrer a partir de uma consequência biológica, física. O não-dito presente no desenvolvimento de cada uma das personagens é sombrio, dialético e muito, muito realista dentro do que chamamos de relações humanas.



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