[Livros] “Pioneirismo Negro”
No início da minha jornada psicanalítica, absorvendo os conceitos de Freud, a construção inicial da Psicanálise, os subterfúgios utilizados para o desenvolvimento de um saber baseado nas experiências que ainda estavam em movimento, me peguei pensando: mas como tais conceitos reverberam na relação com o racismo estrutural ao qual fomos constituídos? Como seria a percepção do Complexo de Édipo para a subjetividade do negro em conjunção com a dinâmica da saúde mental?
Eu já havia tido algum contato com diversos conceitos que nos explicam a branquitude, a opressão que se dá na negação dos direitos e do reconhecimento do racismo como estrutura da sociedade. “Pequeno Manual Antiracista”, da Djamila Ribeiro, foi fundamental para abrir portas do que eu viria a conhecer posteriormente como “racismo à brasileira”. A desconstrução não é simples, tampouco é admitida, assim como o próprio racismo aqui no Brasil.
A psicanálise me direcionou para Frantz Fanon, um psiquiatra e filósofo, que escancarou os conceitos aos quais eu tinha tanta curiosidade em seu “Pele Negra, Máscaras Brancas”. E os estudos continuaram, na busca de mais saber sobre a história do negro e de sua relevância para a saúde mental. A jornada me levou para uma Pós-Graduação e, nela, a descoberta de materiais e dimensões às quais poderia direcionar a clínica.
Uma descoberta foi a coleção Diálogos da Diáspora, da editora Hucitec. A primeira compra já se tornou uma das favoritas: “Racismo, Subjetividade e Saúde Mental: Pioneirismo Negro”, que era algo que sentia muita falta em termos de representatividade. No livro, somos apresentados a negros que tiveram relevância fundamental para a saúde mental no Brasil, mas que foram “esquecidos” por seus feitos. Virgínia Bicudo, Neusa Santos Souza, D. Ivone Lara (sim, a sambista!), Lélia Gonzalez, entre outros…
Enfim, uma obra fundamental para que possamos, cada vez mais, entendermos a subjetividade que cerca a todos em sua individualidade e também em nosso coletivo.
E já encontrei outras publicações que fazem sentido para esta busca por conhecimento constante. Em breve, trarei para cá, nos espaços a serem ocupados pelo meu lugar de fala, claro.