[Livro] "O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido" - Philippa Perry - Psicanalista Sandro Cavallote
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[Livro] “O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido” – Philippa Perry

Eu tenho uma certa restrição aos livros de saúde mental com títulos que me remetem automaticamente ao conceito de autoajuda perpetuado pela mídia. Não que o assunto não seja importante, mas quando produtiza-se o conceito, algo se perde. Na grande maioria das vezes, me parece que eles trabalham títulos provocativos ou subtítulos que prometem trazer soluções fáceis e ágeis, passo-a-passo, fórmulas, esse tipo de coisa.

Mesmo assim, de tempos em tempos eu cedo e me dedico a algumas publicações fora do eixo que realmente me agrada. Tento extrair o melhor daí, porque somos incididos o tempo todo pela americanização e pelas dinâmicas das práticas ágeis (que muitas vezes trazem mais adoecimento do que, efetivamente, “curas), então a leitura passa pela organização da linguagem que nos atravessa diariamente pela cultura e entretenimento. Falar a língua do nosso coletivo faz sentido para a organização da Escuta e do acolhimento.

“O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido”(o título provocativo), que tem o subtítulo “e seus filhos ficarão gratos por você ler” (resposta fácil e ágil) foi uma ótima exceção à regra. Pensei que encontraria algo volúvel e sinestésico, mas o conteúdo é bastante cuidadoso e rico, principalmente para pais de primeira viagem que têm aquela relação que tanto ascende no setting analítico: o do abandono aliado com uma cerca culpa. O livro abraça estas questões e desenvolve elementos suficientes para uma autocrítica, mas também para as construções que envolvem baixar um pouco a guarda dos afetos pessoais e das impossibilidades de acertos constantes na criação dos filhos.

O que se sai, depois da leitura, é com uma sensação de que o “ser suficiente” faz sentido. E que ele é fundamental para as conexões que serão estabelecidas, sejam nas vias convencionais de acolhimento, mas também no subjetivo a partir de ações e comunicação não-verbal. Afinal, as atitudes dos adultos contam. E muito.

(Escrito por Philippa Perry / Editora Fontanar)



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