[Livro] “O Alienista” – Machado de Assis
Ainda nos testes da modernização, agora revisitando outro amigo muito velho. O interessante de reler “O Alienista” depois de tanto tempo é perceber sua importância da provocação do personagem principal, Simão Bacamarte, frente aos aspectos que intercalam razão X loucura. Quais os limites entre um e outro? Até que ponto internar 80% da população de uma cidade traz consequências estruturantes para o acompanhamento das doenças mentais? Mais ainda: como separar a normalidade da patologização?
A atitude do médico transformou sua sede em um novo continente notadamente excludente e marginalizado, sem refúgio para a organização psíquica na relação com si próprio. Ao tentar construir uma “cura universal”, não se olha para a queixa pessoal do indivíduo, sua construção pessoal, sua visão de mundo, seus desalinhos e dúvidas mais íntimos.
O acolhimento deste ser desejante deve ser observado em sua essência onde, muitas vezes, a medicalização é fator primordial para a busca do equilíbrio, assim como a organização consciente. Um trabalho interclínico muitas vezes é necessário, mas sem a Escuta relacionada ao singular e ao inconsciente na representação do sofrimento, não há amparo para o conflito.
E sigamos na rota da adaptação da tecnologia. Será que o próximo livro, focado em conteúdos de estudo, passará no crivo?