[Livros] “Lar é onde minha mãe está”. Gabriela Braun

Várias questões nos atravessam quando o assunto é filhos. No setting analítico não é diferente e surgem das mais inusitadas organizações de discurso: pais (sexo masculino) que se percebem falhos em relação à criação – mesmo que nos atos falhos, mulheres que buscam análise para descobrir se querem ou não tornar-se mães, muitas pessoas que buscam suporte na psicanálise para organizar seu desejo à respeito de adoção, entre tantas outras situações. Todos eles são primordiais e possivelmente serão fundamentais para que cada um de nós se perceba de forma mais saudável com o seu desejo.

Mas o ponto fundamental, a construção do conceito de mãe, é um dos fatores que atravessam todos os discursos. Mesmo que por motivos óbvios, o elemento central do desenvolvimento de um ser é a mulher. Para muito além do biológico, a mãe é foco primordial também da psicanálise.

Toda a cadeia constitutiva da psicanálise é elementar na questão da mãe. E faz todo o sentido. Porque será nossa primeira conexão, nossa primeira linha de trocas, nossa experiência primal com o suporte e o acolhimento. De alguma forma, o significado da palavra “relação” (indo muito além da palavra escrita, claro) e todas as suas sinuosidades são construídas a partir desse ambiente construído. E, a partir daí, nossas outras relações serão organizadas, inclusive com as figuras adjacentes.

Não deve ser fácil o caminho da mãe, e em “Desfudendo a maternidade” (eu gosto muito do título, mas o subtítulo é ótimo), Gabriela Braun faz o possível para passar toda a visceralidade do que ela sentiu enquanto experiência da maternidade. Ela, inclusive, se utiliza da versatilidade materna para costurar momentos de extrema intensidade com bom humor, responsabilidade e, quando necessário, uma boa dose de seriedade. Há espaço, inclusive, para reflexões à respeito de educação parental, fundamentais para se entender o momento que se está vivendo.

Um livro que entrou para as recomendações do meu curso Psicanálise e Adolescência, com muito orgulho. Obrigado pelo compartilhamento e pelas trocas, amiga.

“Lar é onde minha mãe está”
Gabriela Braun
Autografia