[Livro] “Entre sessões”, Lucas Liedke
No início da jornada psicanalítica nos encontramos em de extremas dúvidas, atravessamentos, confluências. Antes até, ao sermos provocados com a curiosidade antes de escolher uma formação já há o estranhamento. E faz parte, porque boa parte da psicanálise é sobre esse tal estrangeiro, esse lugar que sabemos que existe, mas nunca o visitamos (pelo menos de forma consciente).
Sempre senti falta de um livro que pudesse falar comigo sobre o início dessa jornada. Claro, temos o caminho freudiano e tudo o que ele passou, entretanto havia uma necessidade intrínseca de trocar ou de, pelo menos, escutar alguém que pudesse elaborar um pouco sobre as dificuldades do início. Muitas vezes em minuciosidades, muitas vezes como um grande amigo que diz: “continue, a jornada é assim mesmo. E fará sentido”.
E, claro, que trouxesse um pouco das conceituações e ferramentas para o contemporâneo. Afinal, o divã digital é uma realidade e as formas de comunicação estão em mutação, inclusive neste momento. Portanto uma conexão entre o contemporâneo e o ortodoxo seria muito bem-vinda. E se não fosse com a verborragia muitas vezes presente nos conteúdos, melhor ainda. Não precisaria ser nenhum grande tratado mas, no sentido literal da palavra, um pouco de acolhimento nos primeiros passos.
Aconteceu alguns anos após minhas grandes angústias, mas o psicanalista Lucas Liedke trouxe esse parceiro. E foi além: elabora estruturas sobre a importância da cultura, do social, das novas formas de linguagem e da internet para a psicanálise atual. E coloca isso desde as primeiras palavras não-ditas por ele, mas que são trazidas pela fantástica cantora Letrux, o que diz muito sobre as páginas que virão.
E, assim, “Entre sessões” tornou-se “discobiblioteca” básica dos meus espaços de transmissão. E obrigado ao Lucas por compartilhar suas experiências.
“Eu nunca pretendi começar essa jornada, como analista ou analisando, para terminar exatamente no mesmo lugar. Muito menos para fazer um mero regresso ao século passado, entoando termos e versículos, decorados como orações, que repetimos à exaustão sem qualquer contextualização e sentido com nossa realidade do presente e nossas perspectivas de futuro.”