[Filmes] Enquanto Vivo
“Enquanto Vivo” é um filme extremamente difícil. Simplesmente porque ele se esforça ao máximo para nos inserir em um contexto que muitos de nós teremos de enfrentar em algum ponto de nossas vidas: a despedida precoce de um ente querido.
O filme conta a história de Benjamin, um professor de teatro diagnosticado com um câncer extremamente severo e que o coloca em uma condição de poucos meses de vida. Ao seu lado, sua mãe, que terá que acompanhar as condições severas às quais temos que lidar em uma situação como esta. Junto com tudo isso, o filme também conta como o manejo clínico dos médicos envolvidos faz toda a diferença não apenas para o paciente, mas para todos que o cercam. Oncologistas certamente precisam estar preparados para todo o processo, inclusive no acompanhamento das organizações psíquicas e que envolvam afeto. E é impressionante como esse tipo de acolhimento faz a diferença.
Durante o processo desenvolvido no filme, Benjamin terá que lidar, em um curto espaço de tempo, com situações de seu passado, escolhas que estão sendo adiadas e angústias guardadas durante décadas. Seu definhamento biológico acompanha um desafio emocional de fazer tanto em tão pouco tempo, além de testar os limites do cuidar / ser cuidado, construções emocionais que construímos durante toda a nossa vida. E tudo isso desenvolvido de maneira bastante direta, sem rodeios, com um senso de melancolia nítido e que visa nos passar sensações o mais próximo possíveis do real.
Para a Psicanálise, o filme nos coloca em confronto direto com aspectos de nossa vida (aos que já estiveram nesta situação, meu mais profundo afeto), mas também nos auxilia a elaborar um pouco as construções do setting analítico que passem por essa necessidade profunda de um acolhimento único, honesto e verdadeiro.
*Obrigado pela indicação, Izabel. Certamente será um dos filmes que incluiremos futuramente no Luz, Câmera e Psicanálise.
“Enquanto Vivo”
(Peaceful)
Dir: Emmanuelle Bercot
Disponível no Prime Vídeo