[Filme] “Uma mulher fantástica”
Junho é conhecido mundialmente como o mês de celebração do Orgulho LGBTQIA+. O mês é significativo e as comemorações celebram o que ficou conhecido como A Rebelião de Stonewall Inn, em 1969, um marco sobre as discussões de direitos da comunidade.
“Uma mulher fantástica” foi o vencedor de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar em 2018. E não é para menos: a produção chilena que conta a história de uma relação entre uma mulher trans e um homem mais velho é um exemplo de como abordar o assunto. Pois, a partir de um acontecimento, ela tem que lidar com toda a estrutura social envolvida para não ser simplesmente deletada da sociedade, onde elementos como luto, transfobia, preconceito, empatia (na figura da falta dela, também), das várias formas de violências são expressas na tela de uma forma visceral, assim como a protagonista principal, Daniela Veja, que está apta a mostrar o que provavelmente sentiu na pele durante a vida toda.
E um dos grandes méritos do filme é trazer o debate sobre biologia X gênero de forma consistente, nos colocando várias vezes em dinâmicas pessoais, nos colocando em diversos pontos de reflexão, inclusive nas várias cenas em que a protagonista também tem que se encarar. Existe uma densidade na estrutura visual do filme que não se utilizada das palavras para organizar raciocínios e percepções. A semiótica envolvendo as cenas e a construção singular dos momentos que envolvem afetos é fabulosa, e faz todo sentido para trazer as expressões dos personagens para uma proximidade conosco.
Um filme sensível, orgânico e humano, como deve ser.
“Uma mulher fantástica”
(Una Mujer Fantástica)
Chile / 2017
Dir: Sebastián Lello
*Disponível no Netflix