Filme: “Tomboy”
A forma como nos sentimos em relação ao nosso próprio sexo é inerente para a relação com o bem-estar mental. Não é difícil encontrar estruturas de sofrimento quanto à não percepção de aceitação por parte de si e dos que compõem a família e interações sociais.
Na infância, mais ainda. Freud já nos posicionava sobre sua visão à respeito de uma bissexualidade humana e como nossas escolhas (nem sempre pessoais) acabam delineando as rotas de aceitação e inclusão. O processo de construção de identidades passa por este caminho, onde o experienciar é fundamental. Estamos falando não do sexo em si, mas da sexualidade como posição de pertencimento.
“Tomboy” não é um filme de respostas, mas de perguntas. O filme é composto de uma dinâmica até simples, mas que funciona no que se propõe: levar ao debate. Até que ponto devo ceder à pressão da sociedade para manter-me dentro de uma contextualização que, até determinado ponto, não me constitui?
Para uma clínica mais voltada para o contemporâneo, vale o olhar: a Escuta precisa estar afinada para acolher qualquer sofrimento. E dúvidas não devem ser um problema para o psicanalista, mas sim expressões de um setting constituído pela desconstrução de um sujeito, com ética e sem julgamentos.