Filme: “Palavras nas paredes dos banheiros”

A adolescência, por si só, já é uma época bastante complexa do ponto de vista psicanalítico. Não se pode mais ser criança, começa a cobrança para ser adulto. A tal da “responsabilidade” acaba por se tornar mecanismo do desenvolvimento de angústias das quais ainda não há ferramental emocional para se lidar.
 
É um ponto cego entre o que se era e o que se virá a ser. A clínica do adolescente lida com este vácuo, muitas vezes representado pela palavra vazio. E é dicotômico: não se é nada, e se é tudo. Pois se está transbordando completamente pelo indefinível.
 
Some a isso uma patologia de difícil organização psíquica. Um garoto diagnosticado com esquizofrenia, que faz de tudo para manter o que se chama de normal para a vida e relações sociais. O filme pretende trazer um pouco do que se sente nesta condição, e consegue de forma eficaz (e não de forma piegas) nos colocar neste dilema diário sobre a medicalização, as relações parentais, os amigos e, principalmente, com as possíveis vozes que se quer calar. Algumas geradas pela própria patologia, algumas que são inerentes ao nosso desenvolvimento.
 
“Palavras nas Paredes dos Banheiros”. Recomendadíssimo. No Amazon Prime.