[Filme] "O quarto de Jack"
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[Filme] “O quarto de Jack”

Filmes podem ser construídos com várias nuances. Por trás de um elemento da realidade, perpassa estruturas do imaginário para construir narrativas simbólicas, que podem nos remeter a condições pessoais intrínsecas e singulares. Bons filmes são os que podem ser interpretados em suas condições singulares, que remetem ao debate plural.

“O quarto de Jack”, que, em sua versão original, “Room” é mais direto e, de certa forma, até antropomorfizado (afinal é a forma pela qual Jack interage com esse “personagem”, como se ele fosse algo primordialmente constituinte de sua vida, e o é), conta uma história de rapto de uma adolescente, seguido de um cárcere que prevalece durante anos, com as mais reiteradas formas de abusos. A descendência de tal condição é o nascimento de uma criança que não teve nenhum contato, a não ser os permitidos pelo “Quarto”.

Pensando em Winnicott, devemos observar como o ambiente é parte fundamental para nossa constituição. Não apenas pelos sentidos óbvios, mas pelas interações do bebê com as potencialidades infinitas, que podem ser observadas como uma relação de ponto de fuga, de horizontes, de organização visual e sensorial de expansão. As alusões a Platão e o Mito da Caverna também são presença constante no filme, assim como nós, psicanalistas, podemos traçar caminhos sobre Joy, a mãe, e sua busca por ser suficientemente boa. Objetos transicionais também estão postulados como elementos de troca, mas que sempre serão destituídos em função da curiosidade acerca do “além”, do que se posiciona fora do Quarto.

Há dezenas de percepções que podemos trazer sobre O Complexo de Édipo, a depressão pós-parto (no caso, de um parto que durou quase uma década), as relações pulsão de vida/morte além, é claro, da agressividade latente da não-inclusão. O ressentimento pela dor e pelo sofrimento, mesmo que o contraponto do real seja de busca e acolhimento.

Nas metáforas, não há um conhecimento explícito, entretanto há o ressoar que permite que carreguemos as provocações junto conosco. E há algo de muito importante neste processo.

E esse ressoar, sim, ele é fundamental.

“O Quarto de Jack”
(Room)
Diretor: Lenny Abrahamson



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