[Filme] "O castelo de vidro" - Psicanalista Sandro Cavallote
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[Filme] “O castelo de vidro”

Mais comum do que deveria, a Escuta voltada à toxicidade nunca esteve tão em evidência. Falar dos conceitos das relações tóxicas e a forma insidiosa pela qual ela vai tolhendo as possibilidades de fuga mesmo em um ambiente familiar é cada vez mais constante no setting analítico. A dissociação proposta pela toxicidade dentro de uma estrutura relacional é perceptível a quem está de fora, mas extremamente nebulosa para quem se encontra dentro das trocas com o agente tóxico.

E isso também acontece em nossas famílias. Aliás, é muito proeminente que grandes dilemas, angústias e traumas partam exatamente de nosso núcleo familiar. Alguns destes são constituintes de nosso desenvolvimento psíquico e contínua reorganização de afetos, outros são aqueles que podem marcar de uma maneira tão intensa que moldarão todas as nossas decisões futuras.

O debate sobre o Complexo de Édipo e sua importância para a psicanálise sempre vai acontecer, e isso é ótimo. Porque bons conceitos precisam de reverberação suficiente para que atingir novos patamares de debate, nem que seja para sua confirmação ou revisita. Se antes preconizado por Freud numa dimensão que não se resolvia na questão do feminino, hoje ele é interpretado por muitos autores com a contemporaneidade como base, sendo que ele pode ser, ainda, o balizador de vários tipos de manejo. Como, pelo menos, é fundamental.

E por mais que “O castelo de vidro” seja um produto de entretenimento, devemos entender que suas metáforas, simbolizações e construções relacionais permitem um bom debate “selvagem”. Ao contar a história de uma família, suas idealizações e dramas geracionais, o filme pode ser visto além da sua percepção emotiva, mas de suas qualidades como peça de trocas e elementos da psicanálise. E é um drama muito bem construído, que certamente fez muita gente se identificar, já que recebi várias indicações para assisti-lo.

Quem sabe não o traremos para um “Luz, Câmera e Psicanálise”, não é?

“O Castelo de Vidro”
The Glass Castle
Dir: Destin Daniel Cretton
(*disponível no Netflix)