
Filme: “La Haine – o Ódio”
“É a história de uma sociedade que cai, e durante sua queda continua a repetir para si mesma:
‘Até aqui, tudo bem.
Até aqui, tudo bem.
Até aqui, tudo bem.’
Mas o importante não é a queda, é a aterrissagem.”
Essa visão interna do filme diz muito sobre muita coisa da atualidade. “La Haine” ou “O Ódio” é um filme de 95 que podia muito bem ser entregue neste momento. É a história de um judeu, de um árabe e de um pugilista que sofrem os abusos do sistema que ajudaram a construir e como uma ferramenta desenvolvida apenas para extermínio pode trazer uma ilusão de controle e poder fazem a diferença nas relações sociais.
A atemporalidade do tema e a legitimação de um discurso de violências das mais variadas esconde a construção de estruturas de poder que, aos poucos, vão escondendo suas reais intenções. Mas, quando percebermos, será tarde demais.
As democracias morrem aos poucos, na falsa simetria das violências subjetivas, do ódio ao oponente, da necessidade intrínseca da sobrepujação aos mais fracos através da dificuldade de acesso a cultura, educação e saúde. Some-se aí o racismo estrutural, a exclusão dos direitos das mulheres, os direitos trabalhistas, os acessos cada vez mais complexos para os PCD´s.
Enfim, ódio gera ódio. E ódio consome, nos tirando das dinâmicas de aprendizado com o Outro. Mas, como sempre, sigamos.
“La Haine- O ódio”
Dir: Mathieu Kassovitz