Análise Pessoal (Tripé Psicanalítico) - Psicanalista Sandro Cavallote
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Análise Pessoal (Tripé Psicanalítico)

A formação psicanalítica não é nada simples. Tenho visto uma simplificação do discurso a partir de unidades simplificadoras de base de saber. Cursos que prometem conhecimento em poucos meses, escolas misturando estruturas terapêuticas, promessas de uma profissão que, na verdade, é uma prática. A “produtização de tudo” é um dilema da modernidade, uma constatação da emergência à qual estamos inseridos para as regras de sobrevivência no momento atual.

Entretanto, diferente do que lemos nas redes sociais, nem tudo é “produtizável”. A psicanálise é uma dessas coisas. A necessidade mercadológica não deve estar acima da ética.

Um dos conceitos fundamentais preconizados por Sigmund Freud é o Tripé Psicanalítico. A partir dele, estaremos em confronto com nossos próprios dilemas e angústias (análise pessoal), com nossa formação contínua (construção de saber que perdurará) e com as trocas entre pares (levando os casos para desenvolvimento de melhores e mais assertivas estruturas de manejo). Vou me ater à Análise Pessoal para que possamos desenvolver um pouco mais cada um dos conceitos neste espaço tão ínfimo.

Não há como não ser incidido pelos conteúdos de nossos analisandos. Em algum grau, tudo o que foi desenvolvido no setting analítico com os diferentes conteúdos de diferentes indivíduos nas diferentes sessões nos atravessará, mas não sem um esforço de nossa psique. E, a partir de tais conteúdos, nossas próprias angústias estarão em ebulição. A maneira que utilizaremos para suportar as dinâmicas particulares é estar em Análise. Nossa análise pessoal vai além de nossa constituição infantil, ela também perpassará as neuroses atuais, muitas vezes representadas nos conteúdos de nossos analisantes. E tudo bem com isso, faz parte do processo. A manutenção correta de nossa psique é o que vai fazer diferencial da clínica e do manejo, pois podemos nos abster do que nos incide particularmente, além de construir um ambiente neutro de referências pessoais.

Estar em análise / terapia é receber nossos analisantes / pacientes em nossa melhor organização psíquica. E isso é o mínimo que eles merecem quando se propõem a enfrentar seus mais complexos medos. Sejam eles quais forem.



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