A realização nas pulsões de vida e morte - Psicanalista Sandro Cavallote
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A realização nas pulsões de vida e morte

Reassistindo a série Abstract, do Netflix, me vi repensando sobre vida e morte, sobre como são energias que podem ser usadas em conjunto, quando uma não se sobressai à outra. Um dos conceitos mais conhecidos, vivenciados e respeitados elaborados por Freud é o de pulsões na psicanálise. Não vamos nos ater a definições complexas, ainda porque há material suficiente na internet sobre o assunto. O foco deste texto é conversar um pouco sobre como a vida e a morte são retratadas nas pulsões, e como um bom direcionamento e compreensão desses impulsos energéticos podem conectar passado, presente e futuro.

Pulsões são necessidades que todos temos para um determinado fim. É, basicamente, aquele sentimento de busca constante que sentimos por algo que nem sabemos o que é, aquele “sinto vontade de fazer algo, mas não sei o quê”, e sentimos uma pressão para realização sem muitas vezes nem saber por onde começar. Uma demanda por realização. Por ser uma estrutura energética, não fica apenas na estrutura psíquica, mas também na orgânica. Freud dividiu as pulsões em duas: pulsões de vida e pulsões de morte.

A primeira é toda demanda relacionada à busca do prazer, do criar, da construção, da realização. A segunda é toda demanda que nos conduz a atos de destruição, de pensamentos hostis, de isolamento, de “falta de ânimo para fazer qualquer coisa”. Essas demandas vivem em todos nós, o tempo todo. Por isso que há momentos em que você está tendo bons pensamentos e, do nada, algum pensamento ruim surge em sua mente. Não é algo exclusivo, todos passamos por este conflito o tempo todo. E a maior parte de nossos pensamentos e ações é resultado da combinação destes dois impulsos. A correta manutenção do uso de ambos é parte importantíssima na busca por uma melhor qualidade de vida.

Um resumo simples do que foi dito acima seria: ou você direciona seus impulsos para algo que auxilie na sua busca por realização, ou você direciona seus impulsos para algo que traga dúvida e incertezas constantes na sua vida. Conviver e ter seus momentos de tristeza é de extrema importância, pois ela também ensina. O problema é quando você “viaja” demais na busca por realização (e acaba não realizando nada, o que gera uma nova ansiedade) ou quando você não tem forças para dar nem o primeiro passo (quando o não fazer nada também se torna um prazer). Entender como conciliar estes dois impulsos é imprescindível para ter dias mais sadios e que “rendam mais”.

A pulsão de vida é inerente a todos nós. O simples ato de acordar e se levantar, é um ato pulsional relacionado à busca de algo, de forma inconsciente. Quando falamos de pulsão de morte e como ela pode chegar a dominar as atividades mais fáceis do dia, precisamos repensar como seu uso está sendo nocivo e que recalibrar o impulso é de extrema importância. Na série Abstract, há uma dúzia de referências sobre como artistas, filósofos, arquitetos e designers fazem uso do instinto criativo para expressar seus sentimentos, sejam eles de vida ou de morte. Por mais que o assunto em si não seja esse, a série leva a sério a imersão na mente destas pessoas, falando de processo criativo, de dificuldades na execução, do direcionamento correto das ideias, da intensidade e dos momentos em que cada um deles pensou em desistir.

Você pode me dizer: “mas eu não sou criativo”. Eu eu vou responder: “como você sabe disso?”

O mundo contemporâneo reduziu o conceito da palavra criatividade. Os “deuses da criação” com grandes sacadas publicitárias, com grandes desenhos, com ideias maravilhosas. O tal dom.

Na etimologia da palavra, criatividade vem do latim creare que significa “a capacidade de criar, produzir ou inventar”. Você faz cada uma dessas coisas todo dia, seja na criação do seus filhos, na manutenção do seu orçamento diário, ao querer surpreender o namorado, ou ao colocar um tempero novo na comida.

Criatividade é a necessidade pelo novo e pela manutenção do que funciona na vida. O ato de criar é inerente.  

Eu indico a série Abstract para qualquer pessoa porque, na verdade, é uma série sobre inspiração e realização. E para as pessoas que precisam de uma renovação nos primeiros passos, inspirar-se pode ser um momento definitivo para sair da cama, para recalibrar os impulsos, e para rever o ambiente onde está inserido, porque a união desses fatores será o diferencial para o início da busca que nos torna humanos.

Fazer tudo isso sozinho não é tarefa fácil e, muitas vezes, não é possível. Todos precisamos de um guia de tempos em tempos. Parte do processo de controle dos impulsos é equilíbrio. E existem ferramentas específicas para cada tipo de afetos para alcançar este equilíbrio.

Conviver com extremos é parte da vida. E há benefícios nesse convívio. Expire o que te faz mal, e se inspire no que te faz bem.

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