[Textos] A busca pelo manejo clínico contemporâneo - Psicanalista Sandro Cavallote
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[Textos] A busca pelo manejo clínico contemporâneo

Uma das coisas que mais tenho ouvido nas rodas de transmissão, nos estudos e nas supervisões é que há uma tendência cada vez mais intensa por uma Escuta mais focada na dinâmica da modernidade. Nada mais justo, afinal são mais de 120 anos desde “A interpretação dos sonhos” e, por mais criativo que fosse, Freud não imaginaria as mazelas que o desenvolvimento tecnológico focado na humanidade traria para a psique de cada um de nós.

Não é só da internet que estamos falando. Há toda uma dinâmica subjetiva presente na atualidade que precisa de uma Escuta que vá além das palavras e das relações de não-ditos para construções intrapsíquicas de sofrimentos atuais, por mais que as ferramentas essenciais e basilares no ferramental freudiano ainda sejam as mesmas. A escuta, a associação livre, a abstinência, a atenção flutuante… todos conceitos elementares e que ainda estão na constituição do setting analítico. Entretanto, há que se desenvolver Escutas para distorções propostas pela contemporaneidade. Nem o tempo (que é imutável) escapou dessa: nossa relação com ele é completamente diferente do que há 100 anos atrás. A maneira que trabalhamos, nos relacionamos com o Outro, organizamos nosso desejo, construímos nossas metas e ambições diversas, a forma como ouvimos música ou assistimos filmes, nossas crenças, as formas novas de “amar”…isso só para resvalar a superfície das novas formas de sofrimento.

A cultura e a linguagem estão em constante mutação, tanto por elementos do desenvolvimento humano como por elaborações geracionais. Por um setting analítico (quando não envolve o atendimento com crianças) podem passar pessoas dos 18 aos 90 anos. São, minimamente, 3 gerações que estarão presentes no discurso.

Portanto nossa Escuta precisa abranger outros registros, que se demonstrem parte do sofrimento atual, mas que respeitem a constituição primária da psicanálise. O exercício da Escuta é amparado pelo tripé mas, principalmente, pela análise pessoal. Só ali, em nosso próprio discurso, estaremos aptos a amplificar o acolhimento do outro, seja na temporalidade como elemento físico, seja como elemento subjetivo.

É desafiador? Claro que sim. Mas também o é a Psicanálise…



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