[SÉRIE] Disclaimer

ESTE TEXTO É LIVRE DE SPOILERS

Um termo apropriado pela psicanálise e que é de uso constante em nosso cotidiano é a tal da subjetividade. Como acredito que não há como dissociar nossas experiências singulares do coletivo, para mim é muito importante a construção do que seria o ambiente para uma investigação psicanalítica. Para mim, o constructo subjetivo é da ordem de uma ciência social, e não necessariamente do intrabiológico.

No mais, se procurarmos no grande dicionário de nossas vidas, ele vai nos dizer que “subjetividade é o mundo interno de cada indivíduo, que inclui os seus sentimentos, pensamentos, valores, desejos e perspectivas. Está relacionada com a forma como cada pessoa percebe, interpreta e reage ao mundo à sua volta”. Não está errado, aliás, pelo contorno da filosofia, é por aí que a margem reage.

“Disclaimer” significa “aviso”. É aquele primeiro impacto que sentimos quando a obra nos informa que haverá afeto (ou, pelo menos, deveria haver). Afeto no sentido de impacto, de mudança, de que algo nos afeta. Portanto, esteja avisado.

E esta minissérie é tão significativa e importante exatamente pelo afeto, a quem afeta e a forma do afetação. Por mais que possa parecer uma história simples, cotidiana, ela traz as nuances do que encontramos no mal-estar de nossa atualidade. E isso nos atira a diversos afetos, de formas diferentes. É uma série da ordem do sentir, do que nos afeta. É nessa magnitude que o maravilhoso diretor Alfonso Cuarón, que nos trouxe obras como “Roma”, “E sua mãe também”, “Gravidade”, o fantástico “Filhos da Esperança”, além do melhor filme de Harry Potter, o terceiro, “O prisioneiro de Azkaban”, nos convida a julgar a partir de nossa subjetividade.

No mais: é interessante ler as críticas sobre esta série nas perspectivas do homem e da mulher. Ali, sim, as nuances de sofrimentos e atravessamentos se apresentam. Pois, mais uma vez, as vivências são da ordem do sentir.

Série do ano. Sério.

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