[Filmes] "Não me abandone jamais" - Psicanalista Sandro Cavallote
19375
post-template-default,single,single-post,postid-19375,single-format-standard,bridge-core-2.6.4,qode-page-transition-enabled,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,hide_top_bar_on_mobile_header,qode-child-theme-ver-1.0.0,qode-theme-ver-26.4,qode-theme-bridge,disabled_footer_bottom,qode_header_in_grid,wpb-js-composer js-comp-ver-6.6.0,vc_responsive

[Filmes] “Não me abandone jamais”

Fui rever um filme que havia mexido muito comigo na época do lançamento para revisitar alguns sentimentos e percepções e, de certa, forma, fazer aquele retorno comparativo sobre si. E a experiência não mudou. O filme continua mexendo muito comigo.

Não acho que “Não me abandone jamais” seja um filme para se abordar aspectos diretos da psicanálise, mas acredito que tenha vários elementos quando falamos de adolescência, transitoriedade, finitude, melancolias e completudes. De uma maneira bem geral, a história atravessa a vida de 3 adolescentes que, num futuro distópico, na verdade são clones que servem a apenas um propósito: o de fornecer órgãos para seus “originais”, o que levanta um debate sobre a nossa continuidade biológica e de como a medicina tem seus reveses também. Mas tal informação não é tratada no filme como algo complexo, afinal as crianças estão sendo trabalhadas emocionalmente para este fim desde o início de suas vidas, o que nos causa um certo transtorno inicial, mas que é demonstrado como uma questão de servidão ao outro, algo nobre, que o filme trabalha muito bem. A falta de questionamento é, muitas vezes, uma característica da adolescência que está se descobrindo. Na verdade o filme conta desde a infância na construção das relações entre eles e, obviamente, as nuances que entremeiam as rupturas, as experiências, as dúvidas, sentimentos e, principalmente, as esperanças individuais e do grupo.


Mas o que traz algum tipo de raciocínio crítica para cada um deles é exatamente a experimentação do mundo “real”, o da percepção de seres desejantes e que, sim, terão que lidar com o tempo assim como cada um de nós, só que num espaço mais curto, afinal conforme seus originais vão envelhecendo, cada vez mais há necessidade de doações.

E é aí que o filme é magistral em sua concepção de mundo, pois a finitude é, para nós, uma organização subjetiva individual, mesmo que inserida num coletivo. E cada um de nós, a seu modo, terá que lidar com o tempo que nos resta.

*O filme é baseado em uma HQ que ganhou o Nobel de literatura em 2017.

“Não me abandone jamais”
(Never let me go)
Dir: Mark Romanek / Roteiro: Alex Garland
Disponível no Star+



Abrir Chat
Posso ajudar?