A formação contínua (Tripé Psicanalítico) - Psicanalista Sandro Cavallote
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A formação contínua (Tripé Psicanalítico)

Causa estranhamento o conceito de formação em psicanálise. Mais do que certificados, carteirinhas e certificações, a jornada psicanalítica caminha por espaços não cartesianos, fora da esfera do começo – meio – fim. E tal estranhamento se dá porque o infamiliar é algo que nos atrai, mas que também nos causa certa repulsa. O diferente, na figura do novo, nos é necessário, mas nosso aparelho psíquico pode interpretá-lo como algo que vá nos causar sofrimento. E sofrimento por sofrimento, vamos preferir ficar com o que já nos é familiar.

A construção do saber psicanalítico se dá pela percepção da não completude. E Freud já preconizou isso lá no início, com o tripé. Talvez porque tenhamos que lidar com ela durante toda a jornada, não apenas com as faltas de nossos analisantes, mas também com as nossas. Portanto, quando falamos de formação, a organização é mais focada em um início correto, responsável, que permeie as linhas de conhecimento de responsabilidade com a ética.

E não é profissão. É prática. Dentro dos ditames convencionais, a psicanálise se integra às nossas vidas. Não no sentido de analisar o tempo todo, mas na relação com a escuta e com a Escuta. Quem está na jornada sabe de tal mudança no cotidiano, na percepção de vida, na relação com quem e o que nos cerca. As leituras, os vídeos, os cursos, as trocas, os grupos, as supervisões, as construções de conteúdo, o processo evolutivo dos settings, as dúvidas, os confrontos, as reorganizações.

E por isso a continuidade. Quem está na psicanálise está com a inconformidade da tal busca da perfeição. Nos propomos à amplitude da busca de saber para melhor acolher. E ao entendimento de que o individual muda o coletivo, portanto a relação com o social é, também, parte do caminho.

Há uma curiosidade inerente em tal busca. Ela nos move para elaboração de limites diante de tantas opções de manejo. Entender o que nos causa certa afeição é também uma visão de aprendizado de novas linguagens. Um “estrangeirismo”, uma necessidade de novas experiências.

Existem os momentos de comemoração, mas o que importa, em essência, é a jornada.



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