Quanto mais você é, menos precisa dizer que é
Analisandos de primeira viagem, aqueles que se atrevem a procurar suporte na terapia analítica, estranham-se. Na fala livre, tudo pode. E a liberdade traz estranheza, porque no hábito nos esquecemos de quem somos.
Tudo é pré-formatado. Tudo é fórmula. As caixinhas estão postas e só precisamos fazer o que nos dizem que é o mais correto. Quem diz? A família. A sociedade. A mídia. Os pais.
Mas e se eu quiser uma nova caixa, um novo formato de encaixe? Não, é “mais fácil” a adequação. Já está ali a jornada do outro. A estrada delineada. O caminho do farelo de pão, dos tijolos amarelos. Mas o que é do Outro é meu? O incômodo aparece, empurro lá pra baixo. “Não vou pensar nisso”. E décadas se passam.
Mas há algo ali. O “incômodo” é real, ele é parte de você.
Em análise, não há escapatória. Você vai se encarar. E pode não gostar, porque não se percebe em seu Desejo.
– “Quem é esse?”, se pergunta.
– “Serei eu? Eu posso?”
Sim, você pode. Se permitir-se.
Doi na alma?
Comecemos.