Criatividade é capacidade de improviso

Alçada a uma esfera muitas vezes de divindade, a criatividade é um processo natural e muito mais comum do que parece.

Na verdade todos somos criativos em algum nível.

Muitas pessoas falam em dom quando admiram algo potencialmente realizado com criatividade, mas muitas dessas direções seguem artistas (ilustradores, por exemplo) que, na maioria das vezes, estão aprimorando seus talentos desde muito cedo, com muito esforço.

Então quando admiramos alguém fazendo um desenho, por exemplo, ficamos encantados com aquele processo desenvolvido em alguns minutos, mas nos esquecemos de quanto tempo e dedicação foi empregado na elaboração daquelas habilidades.

Segundo a psicanálise, mais especificamente Freud, há uma relação intrínseca de infância e impulsos reprimidos (mais uma das palavras que precisam ser desmistificadas de tempos em tempos, por ter sido retratada como algo negativo, quando não é) dentro de um processo de sublimação. A criação de algo novo, para Freud, é inerente a todos nós.

Mas focamos demais no que nos deslumbra visualmente. Há criatividade no som, no olfato, na linguagem, no textual, na vida de uma forma geral. Uma mãe que se desdobra para cuidar de seus filhos tem que ser criativa o tempo todo, mesmo sem ter esta percepção. Pessoas realizando problemas processuais e profissionais também, em algum ponto, precisam criar novas rotas de resolução de problemas. Crianças fazem isso o tempo todo: se adaptam, observam eventuais caminhos e não temem a ousadia.

Portanto, ser criativo tem muito mais a ver com nossa capacidade de improviso, de executar coisas de maneiras diferentes, de olhar o que está além e a percepção de novas possibilidades. É sentir-se inspirado. É inspirar.

Não há nada de dom ou dádivas na criatividade. Talvez seja até mais simples do que parece: você já observou quantos problemas resolveu nos últimos dias? Já se olhou desta perspectiva?

Quando foi a última vez que você colocou sua criança interior para brincar?